sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Long Way .... onde???



Uyuni....!!!! que lugar mágico... Nada mais que o maior salar do mundo. Muiiito maior que o Salar do Atacama, o segundo no mundo. Uyuni é um lugar que todos devemos conhecer, e desfrutar.

Eu e Armando (como sempre..rsrsrs..) achamos melhor contratar em Potosi mesmo uma 4x4 para ir conhecer Uyuni. Não tínhamos a menor idéia como estavam as condições da estrada de terra que liga Potosi à Uyuni e, com a embreagem do Armando em quarentena, concordamos em ir de carro (eta programa de cochinha...hahahah). Mas acabou valendo. São 210 km de uma estrada razoável, que de 4x4 levou nada mais, nada menos que 5 horas. Esta estrada esta sendo toda trabalhada para receber asfalto (quem esta fazendo a obra é a brasileira OAS) e há muitos desvios. Mas esta bem transitável, seja de carro ou de moto. Acabamos curtindo o caminho, num esquema bem de turista. O motorista do 4x4 (Sr. Hugo) é super gente boa. Faz este percurso há 21 anos e conhece tudo daquela região. Fomos só eu e Armando no carro a assim pudemos ficar batendo papo, ouvindo todas as estórias sobre Potosi e Uyuni. Quando contamos para ele sobre a nossa pseudo aventura no dia anterior, quando tentamos ir de Oruro à Uyuni, ele nos explicou. Esta estrada também está sendo asfaltada e os primeiros 50 km são do tão arenoso desvio. Depois, a estrada fica “normal”, para os padrões bolivianos..hehehe.. Bem.. rodamos 10 km e quase morremos.. mas valeu.



Com as ajuda do Hugo, fomos conhecer Uyuni, em um esquema de ida e volta no mesmo dia. Bem cansativo, mas glorificante.

Fomos direto para o salar e para a Isla Inkahuari. É uma ilha no meio do salar, de pedra e coberta por cáquitos gigantes. Tem cáquitos de mais de 1.000 anos. Tem um pequeno restaurante e, para variar, estava com muitos turistas europeus.



Rodamos pela ilha, desfrutamos uma deliciosa carne de Llama no tal restaurante e seguimos para conhecer os demais pontos interessantes.



O Hotel de Sal, as nascentes, o artesanato local e por fim o cemitério de locomotivas. O salar é lindo e acredito que fica mais fascinante na época das chuvas, quando uma camada de água de 5 a 10 cm cobre todo o salar, virando um espelho.......










Chegamos de volta à Potosi às 22 horas e fomos descansar, pensando já na viagem do dia seguinte. O Hugo nos disse que tinha estado 2 semanas antes em Villazon (fronteira com La Quica, Argentina) e nos passou todas as dicas da estrada. Seria na verdade 350 km, sendo 90 de asfalta e o restante, 260, de terra. Ele nos disse que a estrada estava relativamente boa, mas com muitas costelas e com muita poeira. O trânsito de caminhões e ônibus seria intenso. Estávamos bem tranqüilos e no dia seguinte, partimos cedo para Villazon..... e..... foi dureza..hahahaha....



Realmente a estrada não tem nada de super especial, mas as costelas são algo de louco. Não havia como achar um ritmo legal. O Armando ainda estava ressabiado com a areia de Oruro e optou por um ritmo bem mais lento, bem mais seguro. Eu, incorporando um pouco o espírito do Nicolas..rsrsrs, achei um ritmo mais rápido, tipo entre 80 e 90 km/h. Assim a ressonância das costelas era menor e ficava mais divertido. Mas a adrenalina, principalmente devido aos pneus estradeiros, era louca. A moto escorregava muito e a luz de aviso do controle de tração não parava de piscar..rsrsrs... valeu cada centavo que paguei...hahaha... Tudo ia bem. Eu avançava e parava para esperar o Armando. Até que em uma curva, que entrei forte, a moto atravessou e para não cair, entrei numa vala lateral. Tudo bem. Nada de terreno comprado, mas tive que esperar o Armando, para me ajudar a sair. A moto ficou atolada. Depois disso, acabei acompanhando a Armando, num ritmo mais seguro. Cair naquele fim de mundo não era uma boa idéia.

No caminho, ainda pegamos uma pequena travessia de rio. Legal.... quero mais...rsrsrsrs...


Chegando em Villazon, totalmente exaustos, o que encontramos???? Um novo desvio, da estrada principal. E o que tinha neste desvio???? Areia solta, é claro..hahaha... E desta vez, quem deixou a moto cair fui eu. Pilotando em pé, me achando o fodão, peguei um fosso cheio de talco... a roda dianteira escorregou e eu ascelerei para não cair. A moto seguiu bem, mas foi na direção do banco de areia lateral. Não teve como passar. A GS atolou e, quando pus o pé no chão, afundei, com a moto. Caímos parados, igualzinho ao Armando. E olha que ainda fiquei preso na areia fofa. Muita risada, ajuda do mano Armando para levantar a GS, e seguimos para Villazon. Agora eu e Armando estávamos empatados. Cada um com um terreninho e um atoleiro..rsrsrs...


Chegamos em Villazon às 15:00 horas e levamos, nada mais, nada menos, que 3 horas para passar. Culpa da lentidão da alfândega argentina. Avaliamos o estado das motos e as duas apresentaram o mesmíssimo problema: a fixação do paralama traseiro (aquele todo estiloso) não agüentou a estrada. Ambas quebraram. Algumas abraçadeiras e seguimos viagem.


Tínhamos a idéia de dormir em Salta e lá veríamos como seria o resto da viagem. Armando teria que seguir de imediato, pois tinha que encontrar a sua amada em Campos do Jordão, na sexta (era terça-feira). Eu tinha mais tempo e queria muito conhecer Salta.

Mas eu estava com uma sensação muito ruim, depois de sair de Villazon (ou La Quiaca). Não sabia o que era. Apenas não estava legal. Pegamos a estrada e, já de noite, eu na frente, Armando me seguindo, passamos por uma ponte. Logo depois da ponte, uma bando de burros negros, todos pastando na beira da estrada. Me deu um frio na barriga e resolvi parar, na primeira cidade que visse. Sempre acreditei no meu anjo e logo em seguida, um hotel, na beira da estrada, junto à um posto policial, na cidade de Huacalera. Parei e falei com a Armando da minha sensação ruim. Ela nem pensou duas vezes. Vamos ficar por aqui. Nota 10. Hotel super simples, mas “jantamos” um café com leite quente, com pão delicioso (argentino) e dormimos super bem. Concordamos... era o melhor hotel da viagem..hehehehe..

No dia seguinte, seguimos juntos. Decidi acompanhar o Armando e aproveitar o resto das férias com a minha família, em Goiânia, Brasília e BH. Salta ficaria para outra oportunidade, que tenho certeza que virá.

O trecho entre Huacalera e Salta é lindo, com as suas montanhas multicoloridas. Como estava feliz de poder ver aquilo, e não ter perdido tudo em uma noite. Mas a paulera estava por vir. Eu já sabia da fama do Chaco Argentino, mas não esperava tanto. Saímos de Huacalera com 10 graus, e após Salta, atravessamos o Chaco com 42 graus....700 km, 42 graus e muito fogo. Em um ponto da estrada, a policia interrompeu o trânsito, devido aos focos de incêndio. Um verdadeiro inferno. Depois que liberaram, eu e Armando fomos passar. Loucura. Em um trecho não dava para ver nada, sequer respirar. Foram alguns segundos de muito medo. Medo de passar mal e cair. Mas vingamos, e fomos dormir em Corrientes. Hotel nota 10, hospitalidade nota 10. Jantamos um delicioso sanduíche de lomo, numa calçada movimentada, num clima excelente. Nem, parecia que tínhamos passado um inferno naquela tarde.




E na manhã seguinte????????... Me desculpem... mas como eu disse para o Armando: nós dois, em algum momento, “jogamos pedra na cruz”...rsrsrs... acordamos e nos preparamos para sair, simplesmente debaixo de o maior pé dágua. Acho que como reclamamos muito do calor e dos incêndios, o dia seguinte seria calibrado com muita água. E coloca água nisto. Foram 750 km de água, sem parar, nenhum segundo. E entre Corrientes e Posadas, além da chuva torrencial, muito vento, oscilante. Foi talvez o dia mais cansativo, para nós. A tensão da chuva e do vento colocou os músculos dos ombros em stress total. Chegamos em Cascavel, já no Brasil, moídos.

Para relaxar, fomos num rodízio.... eu estava morrendo de saudades de um arroz, com feijão e carne brasileira..heheheh..

E foi nesta manhã, que eu e Armando nos separamos, depois de 10.500 km viajando juntos. Armando seguiu para Campos do Jordão, bem cedo. E sai um pouco mais tarde, com destino à São José do Rio Preto (onde estou agora). Amanhã sigo para Goiânia, para passar o final de semana com a minha irmã. Em seguida Brasília, para estar com a minha outra irmã e minha mãe, e depois BH... para ver os meus irmãos e principalmente tentar (só tentar) matar a saudade da pessoa que mais amo nesta vida: a minha filha, Flora.

Devo chegar ao Rio no final de semana seguinte (dia 7) e me preparar para voltar ao trampo.

O dia de hoje, 745 km, foi atípico. Primeiro dia viajando sozinho. Atravessei o Paraná, com as suas imensas plantações de soja e milho, e também praticamente venci o estado de São Paulo, com o horizonte dominado pelas plantações de cana.

Na minha mente só vinham as paisagens da Argentina, Chile, Peru e Bolívia. E não há como não perceber o quanto forte o Brasil é, com a sua super generosa geografia, que propicia uma agricultura invejável aos nossos visinhos. Principalmente ao Peru e à Bolívia, que ainda vivem ao estilo e tradição inka, plantando onde é possível, os mais variados tipos de grãos.



Outra coisa que também não me sai da mente é a aventura da Kátia e do Maurício. Durante estes dias, mantivemos contato com os dois, para informá-los das condições das estradas e saber como estavam. E, no trecho entre La Paz e Potozi, ficamos sabendo que o Mauricio foi literalmente “atropelado” por uma vaga. Felizmente os danos foram mais materiais e uma torção do pé direito do Maurício. E e Armando nos sentimos incapazes de ajudar, pois quando soubemos deste acidente, já estávamos em Corrientes. Mas conversamos muito com a Kátia e Maurício e mandamos toda a energia positiva possível. Eles devem ter feito o passeio do Salar, também com o Hugo, e estão executando a viagem entre Potosi e Villazon. Devem fazer em duas etapas. Vamos tentar manter contato com eles.

Abração a todos...e até mais..